Às vezes parece que sistemas de medicina tratam de assuntos muito gerais, depersonalizados ou que podem nos atingir num nível muito superficial, relativo àquilo que serve para ‘todo mundo’.
Tratando-se de um sistema milenar então, como a Ayurveda, esse distanciamento pode aumentar devido ao questionamento da contextualização da prática.
Estamos lidando, porém, com uma ciência que transpassa todos esse obstáculos. A Ayurveda, por milenar que seja, mantem em seu âmago a essência necessária para a sempre juventude: mira as estruturas e formas pelas quais a experiência se dá e a relação do indivíduo como o todo. Atendo-se a essas características, a inteligência que a move proporciona sua constante renovação, pelo olhar atento e perspicaz através do qual percebe a natureza.
Aquilo que chamamos de concepção ‘holística’ se faz presente nesse caso de maneira basal: toda a compreensão de experiência ayurvédica integra as partes componentes da vida. Elas são apenas separadas em nosso olhar analítico, que se esforça para quebrar o que é e sempre foi uno. Partir deste ponto permite que o trabalho tenha efeitos muito facilmente sentidos, pois aborda nossa experiência de mundo como ela é. Trata também de detalhes, elementos pontuais e distintos, mas sabendo que estes podem apenas ser pensados assim porque já de inicio pertencem a algo inteiro.
O complemento desta visão holística é o reconhecimento da vida como expressão única em cada exemplar. Cada rosto, cada ser, cada pessoa é genuinamente a sabedoria da vida em funcionamento, e acessá-la permite que o cuidado para com aquilo que está relegado se torne mais próximo e original. Ao passo que podemos encontrar regras comuns de funcionamento e caracteres que dividimos com todos os seres, de fato não há um ser igual ao outro, um corpo que se processe da mesma forma que o seguinte ou uma emoção que siga a mesma linha da vizinha. Capacitar um terapeuta a olhar desta forma aquele que se aproxima é entregar a ele com sabedoria a ferramenta do conhecimento, que ao invés de rotular, instrumentaliza o saber para que funcione com cada indivíduo.
Logo, a pergunta inicial pode ser respondida não muito satisfatoriamente... Talvez deixe a impressão de ser resposta vaga, com a possibilidade de elucidá-la através de alguns exemplos.
A Ayurveda pode te ajudar exatamente naquilo que você precisa de ajuda...
E ter olhos para localizar o que isto significa é parte importante do processo, que reconhece o único em meio ao genérico, sem limitá-lo por isso.
A medicina indiana trata tanto diretamente de problemas ‘pontuais’, como: má digestão, gastrite, falta de ar, taquicardia, irritações da pele, aumento ou perda de peso, stress, ansiedade, má circulação, má excreção, depressão, fadiga, hiperatividade e muitos outros, quanto é capaz de compreender a forma pela qual toda a experiência de estar ‘doente’ ou sentir-se desconfortável se dá a cada um. O convite é a possibilidade de lidar assertivamente com aquilo que incomoda, e ainda assim não perder de vista a forma pela qual isso se dá, bem como a capacidade de encarar tais questões e o desenvolvimento humano e emocional que o acompanham.
Exemplos cooperam, mas talvez realmente apenas a própria experiência seja capaz de clarear o tom vago da resposta, e faça surgir uma compreensão límpida e clara do que é curar-se, crescer e mudar.
Boa jornada!